Mahabharata

Este é o grande poema épico indiano ( talvez o mais longo da literatura mundial) que narra a história dos descendentes do rei Bharata - os Pandavas e os Kauravas - primos, cuja disputa do reino foi a causa da guerra de Kurukshetra. Mahabharata foi escrito pelo sábio Vyasa. O poema completo compreende o equivalente a seis Bíblias onde se desenrola os conflitos pessoais e familiares tão comuns em qualquer época da humanidade através de símbolos e metáforas. Os antigos escritos sagrados não fazem clara distinção entre a história e a simbologia, mas misturam as duas. A partir da vida cotidiana são extraídas parábolas para traduzir verdades espirituais sutis. O Bagavad Gita (Canção Sublime) é um grande capitulo do Mahabharata onde o mestre Vyasa descreve as batalhas tumultuosas e interiores criadas pelo ego humano. No campo de batalha (Kurukshetra), Arjuna ( o guerreiro adormecido dentro de todos nós) passa por um momento de indecisão e diz à Krishna ( personalidade de Deus em forma humana) sentir-se incapaz de guerrear contra seus parentes. Estes, na verdade, representam nossos sentidos, pensamentos, emoções e comportamentos que nos levam à autodestruição a qual provoca a desigualdade social, a fome, as doenças e as guerras sangrentas que fazem parte da nossa história. Krishna mostra a Arjuna a necessidade de se exterminar internamente os vícios que estimulam o afastamento do homem da sua Essencia Divina, de Deus. O estudo do Bagavad Gita deve ser feito junto com alguém que o compreende para evitar más interpretações. Os conselhos de Krishna representam os Yamas e Nyamas do Yoga ( a ética, o agir correto - mencionados neste blog) que, através de um estudo bem direcionado, nos ajudam a perceber onde e como devemos mudar nossos pensamentos e atitudes para nos aproximarmos, cada vez mais, de Brahma -DEUS. Há boas traduções resumidas do Bagavad Gita que nos auxiliam no entendimento das parábolas como:
 
 
A Yoga do Bagavad Gita - Paramahansa Yogananda - Self-Realization Fellowship
Caminhos para Deus - Ram Dass - Nova Era
Bagavad Gita - Swami Prabhupada - The Bhaktivedanta Book Trust
Bagavad Gita segundo Gandhi - Editora Cone
Caso voce se interesse pelo auto conhecimento, podemos formar um grupo para este tipo de estudo. Namaste. Solange
 
 
MAHABHARATA E BHAGAVAD GITA 
 
A história de Mahabharata envolve o reino de Bharat (norte da Índia). O rei de Bharat tinha dois filhos: Dhritarashtra (mais velho) e Pandu (caçula). O mais velho era cego; assim não podia suceder o pai. Assim, Pandu se tornou rei. 
 
Pandu tinha 5 filhos e 2 esposas. Com Kunti ele teve 3 filhos: 
Yuddhisthira (grande homem mas viciado em jogo); Bhima (forte mas imprudente) e Arjuna (puro, nobre, heróico). Com a segunda esposa, Madri, teve 2 gemeos (caçulas). 
Dhritarashtra teve 100 filhos (assim como muitos no Velho Testamento). Mas o preferido dele era o mais velho: Duryodhana. 
Gandhari, esposa de Dhritarashtra, em respeito à cegueira do seu marido vendou seus olhos.” Se meu amado marido não enxerga, eu também nada enxergarei”(qualquer analogia com “Ensaio sobre a Cegueira” é válida). 
Após alguns anos de um bom reinado, Pandu matou acidentalmente um brâmane. Assim teve que se exilar na floresta e Dhritarashtra (um rei cego com esposa cega) assumiu o trono e a guarda dos filhos de Pandu. 
Pandavas eram os filhos de Pandu; Kurus eram os filhos do rei cego. 
Duryodhana crescia nutrindo uma grande inveja do seu primo Yuddhisthira (filho mais velho de Pandu) considerado um grande príncipe e sucessor do trono. Usou de todas as trapaças possíveis para desmoralizar Yuddhisthira até colocar fogo na residencia deles , durante a noite, enquanto os Pandavas e suas mães dormiam. Estes, avisados por criados fiéis, conseguiram se refugiar na floresta. 
Enquanto viviam escondidos numa caverna na selva, os Pandavas ficaram sabendo que haveria um torneio de arco e flecha no reino vizinho. Quem fosse o melhor arqueiro esposaria a bela filha do rei, Draupadi. Disfarçado, Arjuna (terceiro filho de Pandu) se inscreveu e ganhou o torneio, vencendo seu primo Duryodhana. Arjuna, então, ganha a mão de Draupadi. 
Kunti, mãe dos Pandavas, determina que Draupadi se torne esposa dos cinco filhos o que ela acata com devoção. Era considerada uma dádiva uma sogra conceder seus filhos a uma só mulher. 
Passados alguns anos, Os Pandavas voltaram para Bharat, reivindicando o trono. Duryodhana deu a eles um pedaço de terra improdutível. Mas, os Pandavas a transformaram num reino próspero o que aumentou a inveja de Duryodhana. 
Duryodhana convida Yuddhisthira para um jogo de dados (os dados estavam viciados) e os Pandavas perdem o reino e se tornam prisioneiros. 
Dhritarashtra ao saber (já que era um rei cego) do que o filho tinha feito se indignou e concedeu a Draupadi (que também fora desonrada) 3 desejos. Draupadi escolheu 2: _” Solte meus maridos e devolva-lhes as armas. Isto é o suficiente; eles saberão o que fazer.” 
O rei cego manteve a palavra e libertou seus sobrinhos. Duryodhana não satisfeito atraiu Yuddhisthira para outro jogo e como este perdeu novamente, os Pandavas foram condenados a viverem escondidos por 12 anos. Se neste prazo, fossem encontrados teriam que passar mais 12 anos na selva. Caso não fossem encontrados, poderiam reaver o reino após os 12 anos. 
O s Pandavas conseguiram viver escondidos apesar dos esforços de Duryodhana em caça-los. 
Passados 12 anos, os Pandavas voltam a Bharat para assumir o trono. Duryodhana não concorda e assim a guerra é declarada. Krishna (que cuidou dos Pandavas todo o tempo) foi chamado para o conselho de guerra. Ele ofereceu a Arjuna a Duryodhana a sua ajuda pessoal ou um grande exército. Duryodhana escolheu o poderoso exército, criticando Arjuna quem em primeiro lugar, escolhera a ajuda do Senhor Krishna (qualquer analogia com Cristo é possível; tanto Krishna como Cristo significam: a materialização da Consciencia Divina). 
Assim chegamos ao campo de batalha – Bhagavad Gita (A Canção do Senhor) onde Krishna aconselha Arjuna a enfrentar seus parentes pois eles representam o mal e este precisa ser exterminado. 
 
Fica entendido que: 
Mahabharata é todo o romance que originalmente tem 6000 páginas. Bhagavad Gita é a voz do Senhor instruindo Arjuna (seres humanos) a abandonar seus apegos, preconceitos, seu carma negativo. É necessário a Guerra Santa que destrói aquilo que destrói a alma humana. 
 
Quando se lê o Gita, podemos notar que todo o tema central é apresentado nos 2 primeiros capítulos. Os demais são repetição destes, pois a humanidade se esquece com facilidade da sua Essencia Divina e, cada vez mais se afundam nos desejos do ego oi qual criou o caos que levou à guerra. 
 
“Oferece em teu coração todos os trabalhos a Mim 
e Me vejas como a Meta Final de teu amor; 
refugia-te no Yoga da razão 
e repousa sempre a tua alma em Mim.” 
 
Bhagavad Gita, cap. 18, versículo 57 
 
Ou 
 
“Quem pratica a Verdade aproxima-se da Luz a fim de que suas obras sejam manifestadas porque foram feitas em nome de Deus”. João, cap. 3, versículo 21